sábado, 17 de dezembro de 2011

Fernando Lira Libera Gigi Espoleta







A foto acima, a única que sobrou da histórica montagem censurada da minha peça Gigi Espoleta, a Louca, Incrível e Maravilhosa Mulher Que Andou Nua Pelas Ruas, tem o trio que formou o elenco e o cenógrafo, maquilador, figurinista, produtor e artista plástico, Marcos Vila Filho, o elenco sou eu, Jorge de Souza, em pé, Alexandre Troccoli sentado ao lado de Jô Santana, minha segunda Gigi, a peça fazia rir e refletir sobre os dramas pessoais, perseguição política e censura, tudo que acontece hoje em dia, só que a censura passou a se chamar politicamente correto. Mas como pode existir isso se políticos corretos são peças raras no nosso circo Ordem e Progresso, com a lona verde e amarela? Em certo momento da peça a Gigi grita, ¨Vou fazer o show e puta que pariu aos censores!¨, e este texto, justamente ele, incomodou mais na segunda montagem, em plena abertura, do que na primeira, em plena ditadura. Isso gerou tamanha crise que ganhou páginas de jornais, apoio da imprensa e findou com o ministro da justiça liberando, pessoalmente, a peça. Recebi muita pressão, ameaças veladas, mas não recuei e não me escondi, meu maior erro foi não ir em frente, foi não ter sido oportunista daquele momento único da minha vida e ter virado celebridade, não tinha noção do que tinha em mãos. Pois é, mesmo assim não parei meu show e mandei muita gente pra puta que pariu, como fez minha querida Gigi, que foi escrita especialmente para Rita Viana, que até hoje é puta comigo porque traí nosso pacto de não montar este trabalho com mais ninguém, mas nem por isso a Espoleta deixou de ser ela, mesmo com Jô mandando ver em cena, mostrando a grande atriz que é. Certamente ainda vou falar mais desse momento, aguardem.

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