sexta-feira, 15 de abril de 2011

Esse tal de Édipo rei.

Tenho uma relação muito íntima com Sófocles,tudo começou quando pretendi montar Édipo e montei, tinha então vinte e trẽs anos e amava (continuo amando) os clássicos. Adaptei a peça, para um elenco de seis personagens, transformando o Corifeu no Sacerdote e dando a ele, além de suas falas, as do côro. Criei então uma tragédia intimista, pessoal. Foi o segundo trabalho que assinei e teve até uma resenha crítica do querido Enéas Alvarez elogiando, o público aplaudindo em cena aberta, mas eu não gostava. E olhando pela cortina,antes da recita, via a platéia se enchendo , gelava, e, resignado vestia a roupa para interpretar o rei Édipo, contava com a cumplicidade do elenco, fazia de forma convicente, mas não gostava. Por que? Na verdade eu não tinha pretensão de sequer participar da peça e os textos do Édipo me causavam uma identificação. Não que eu pretendesse algo com a minha mãe, mas é que tinham falas do personagens que eram ressonancias do meu pensamento, das minha dúvidas, e pro ator nada melhor que fazer um personagem distante do seu real, ele faz com bem mais prazer e eu tava alí, noite após noite, representando minha idéias, meu pensar ao público, que cruel. Claro que passou, mas eu vinguei a situação, isso explico adiante.

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